Construção do reator nuclear de Chernobyl em 1975; abaixo, a usina pronta em 1979.
Em 1982, derretimento parcial do reator 1 (que permaneceu em sigilo até 1985) provocou o fechamento da usina por diversos meses.
As autoridades soviéticas perceberam uma falha nos protocolos de segurança do reator. Se o RBMK perdesse toda a energia elétrica, os reatores de emergência que faziam as bombas de resfriamento funcionar levariam 60 segundos para entrar em pleno funcionamento. Isto significaria que o reator levaria 60 segundos para ser resfriado em uma emergência: uma janela no mínimo perigosa. 
© Images Group/Rex ShutterstockMesas de controle da usina nuclear de Chernobyl em abril de 1983
O Teste
Em 25 de abril de 1986, o diretor da planta agendou o teste de uma nova técnica para dar garantia de que, na eventualidade de um desastre nuclear, seria possível resfriar o reator com rapidez e segurança. O teste aconteceu durante um procedimento de rotina.
Entretanto, outra usina de energia regional saiu de funcionamento e o operador central em Kiev pediu para que o teset fosse adiado para assegurar o suprimento de energia para a noite. 
Apesar do teste ter sido adiado, a equipe de Chernobyl começou a se preparar para ele: parte desta preparação incluiu desligar uma parcela do sistema de resfriamento de emergência no reator.
© KeystoneUSA-ZUM/Rex ShutterstockTécnico na sala de controle de Chernobyl
A realização do teste foi permitida por volta das 23h, horário no qual a equipe da tarde terminava o expediente. O teste era agora responsabilidade da equipe da noite, que tivera muito pouco tempo para se preparar. 
Antes do teste, o reator 4 teve sua produção de energia reduzida devagar nas 12 horas anteriores, mas a sala de controle começou a reduzir ainda mais sua produção antes do teste. A diminuição seguinte colocou as coisas fora de controle e o reator ficou bem abaixo do nível desejado.
Na tentativa de recuperar a potência do reator, foram retiradas chaves que continham a energia e 10 minutos depois os alarmes indicaram problemas com o fluxo de água e geração de vapor. 
No início da madrugada acredita-se que bolhas começaram a ser produzidas no interior do reator, impedindo a água de circular. Isto não teria sido um problema se as reações automáticas a problemas no reator não estivessem desligadas devido ao teste. 
© Sipa Press/Rex ShutterstockO reator 1 de Chernobyl
O Acidente 
Quarenta segundos depois, um integrante apertou o botão que deveria desligar por completo o reator. Por um problema nas engrenagens, ao invés de desligar o procedimento fez o reator operar com toda potência.
© Scott Peterson/Liaison/Getty ImagesTécnico aponta a mesa de controle de Chernobyl em dezembro de 2000
O súbito aumento da temperatura fez com que as substâncias nucleares penetrassem o fluído de resfriamento do reator e uma violenta pressão de vapor d'água fizesse pressão no interior. 
As últimas leituras antes da explosão mostraram que o reator operava a uma potência dez vezes acima do seu normal. A pressão colossal do vapor causou a primeira explosão, fazendo voar uma placa de 2 megatons do teto da usina. A segunda explosão, dois ou três segundos depois, parou com os reagentes nucleares e deixou em pedaços a estrutura. Pedaços de grafite super aquecido entraram em combustão em contato com o ar. 
© Images Group/Rex ShutterstockAs imagens feitas da usina ficaram embaçadas pela brutal radiação que derivava do reator.
Sem instrumentos para medir a radiação, os trabalhadores da usina não souberam imediatamente que os níveis no interior do prédio seriam suficientes para matar uma pessoa desprotegida em 60 segundos. Dezenas de pessoas que trabalharam na usina durante o desastre morreriam de envenenamento semanas depois. 
© SHONE/GAMMA/Gamma-Rapho via Getty ImagesReator 4 três dias depois da explosão, em 29 de abril de 1986.
As equipes do Corpo de Bombeiros que trabalharam no incêndio não sabiam que se tratava de uma explosão nuclear. Vinte e sete bombeiros morreram após atender a ocorrência. 
© AP PhotoO jornal Izvestia publicou em 19 de maio de 1986 as fotos dos bombeiros que morreram após serem expostos à radiação do incêndio em Chernobyl
O incêndio foi extinto depois que helicópteros jogaram uma mistura de areia, chumbo e boro no reator em chamas. 
© STF/AFP/Getty ImagesImagem do helicóptero que ajudou no combate ao incêndio
Consequências 
A cidade de Pripyat não seria evacuada até 24 horas depois do acidente, após a comissão de investigação ter verificado que os níveis de radiação ofereciam risco. Todos os 50 mil habitantes foram colocados às pressas em ônibus e levados para região de Kiev.
© Keystone-France/Gamma-Keystone via Getty ImagesImagens de exames de radiação dos moradores de Pripyat em 1986
A União Soviética só admitiu o ocorrido dois dias depois, quando a radiação foi sentida em uma usina na Suécia (a mais de mil km de Chernobyl). 
© STF/AFP/Getty ImagesMapa mostra todas as áreas atingidas pelo desastre
Os primeiros relatórios da União Soviética atribuíam a falhas humanas o desastre, mas mais tarde foi constatada que a falha no design do reator contribuiu, junto com as falhas humanas. 
© Universal History Archive/UIG via Getty ImagesImagem da chamada "pata de elefante", um resíduo do derretimento do reator. 
Bielorrússia e Ucrânia foram os países mais afetados, com relatos indicando o aumento dos nascimentos de bebês com defeitos congênitos em ambos os países. Muitos outros países, até o Reino Unido, registraram anomalias climáticas e danos à flora por causa do ocorrido.  
© Patrick Piel/Gamma-Rapho via Getty ImagesNa foto, autoridades da Alemanha Oriental inspecionam caminhões vindos da Ucrânia.
Para conter a radiação, foi construído ainda em 1986 uma estrutura de concreto gigante que isolou a usina chamada de "Sarcófago". Ele será substituído até 2017 por uma nova estrutura, já em construção.
© Yuri Kozyrev/Newsmakers/Getty ImagesImagem do "Sarcófago"
Relatório de 2005 indica que 5% dos gastos públicos da Ucrânia ainda estão relacionados ao desastre de Chernobyl, números semelhantes são vistos na Bielorrússia. 
Os outros três reatores de Chernobyl seguiram em funcionamento. Em 1991, um incêndio fechou um deles. Os outros dois reatores seriam fechados em 1996 e 2000. Estima-se que o reator de número 4 ainda se mantenha contaminado em níveis elevados pelos próximos mil anos.
© Anatolii Stepanov/AFP/Getty ImagesVista da nova estrutura de confinamento do reator de Chernobyl.